Formulário do certame é vago, pobre e abre brechas para omissão e mentiras sobre carreira profissional e participação de candidatas com ficha criminal
João Eduardo Lima
Editor e criador dos blogs TV em Análise
Nas fotos, dois Brasilsões vibrantes, no pior sentido da palavra
Na tentativa de enganar a opinião pública, a Enter, empresa de eventos da Rede Bandeirantes (parceira da Globo no futebol) colocou a público o modelo da ficha de inscrição para 25 das 27 etapas estaduais do concurso Miss Brasil(*), válido pelo Miss Universo. No documento, disponibilizado pela Band na sua página de misses, aabrem-se brechas para que a candidata minta aos coordenadores estaduais e nacionais do Miss Brasil(*) sobre seu currículo profissional, inventando que fez esse ou aquele curso de passarela, com certificado falso, emitido por estelionatários de fundo de quintal (nada a ver com o grupo de pagode).
Uma breve investigação sobre o conteúdo da ficha de inscrição no seu estágio 1 (obrigatório a todas as concursantes), abre brechas para que a candidata declare ser analfabeta funcional. Ou seja, colocará-se a perder o investimento de 11 anos no projeto brasileiro de eleger uma Miss Universo (coisa que não acontece desde 1968). Se, por exemplo, uma garota de Peritoró, no interior do Maranhão (Estado mais pobre da Federação, segundo o IBGE), declarar à Enter que não completou sequer o ensino de elementar de 1º grau (até à 4ª série), ela automaticamente entra no banco de dados da Enter para o Miss Brasil 2013, antes de sua inscrição ser repassada ao banco de dados da coordenação estadual, em São Luís.
No campo da carreira profissional, também obrigatório a todas as concursantes, outra aberração. A candidata pode inventar uma profissão que jamais exerceu, como a de jornalista ou de manicure, por exemplo. Nos tempos da gaeta(**) promoções e eventos (igualmente corrupta à Enter, cujo presidente é um ex-ministro do [des]governo FHC, Caio Luiz de Castro, ex-presidente da Embratur), bastava declarar os dados básicos e ler o regulamento com atenção. É nesse ponto que reside o aspecto mais grave contra a Enter: a abertura de brechas para candidatas que posaram nuas (principalmente para revistas masculinas como Playboy e Sexy), tenham cometido algum tipo de delito (do mais leve, como roubo, ao mais hediondo, como assassinato), sonegado impostos, tenham participado de esquemas de lavagem de dinheiro ilegal oriundo do exterior (principalmente do narcotráfico) e participado de esquemas de fraude eleitoral e compra de votos em eleições majoritárias e proporcionais (para presidente da República, prefeitos, governadores de Estado, senadores, deputados estaduais ou distritais, deputados federais e vereadores).
Nem nas etapas seguintes (dados pessoais, arquivos e pagamento) há informações claras sobre o regulamento do concurso. Pior: o Miss Brasil da Band é um concurso sem regulamento, escancarado para todas as formas hediondas de concursantes locais, dignas mais de programa policial e pauta do Chantástico(***) assinada pela roteirista Sônia Bridi (a quem recomenda-se arrumar emprego em American Horror Story: Asylum, na FOX, após ter falado contra a Refinaria Abreu e Lima, em Suape (PE), e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – Comperj) do que de passarela de moda. Maus costumes mais do que etiqueta e bons costumes. Alexis Neiers, Elize Matsunaga e Anna Carolina Jatobá mais do que Martha Rocha, Gabriela Markus e Martha Vasconcellos.
(*)Na teoria, a Band é dona dos direitos de transmissão do concurso Miss Brasil e de seus concursos estaduais quando, na prática, estes pertencem à Globo (que desde 1990 paga para não transmití-lo). É a mesma coisa que a emissora da famíglia Marinho fez (e ainda faz) com as séries da FOX, como Glee, Bones, Burn Notice e outras (fora as animações)
(**)gaeta é o modo como a Gaeta Promoções e Eventos deve ser sempre escrita: em minúsculas, para provar o quanto o Brasil é uma sub-Venezuela, um sub-Porto Rico, uma sub-Colômbia (tipo um Whooper Jr.) ou uma Guatemala tamanho-família (tipo esses sanduíches Whooper do Burger King, Sub do Subway, Big Bob, Big Mac e afins) em termos de concursos de misses
(***)Combinação da chantagem jornalística do padrão global para dar Ibope e vender jornal e revista com a estética ultrapassada e retrógada do Fantástico, capenga na audiência
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